Com a palavra

Cacá Diegues: Um cinema brasileiro para sempre

O cinema brasileiro nunca teve uma história fluente. Filmou-se e exibiu-se filmes no Brasil desde logo depois da invenção do cinema. Mas essa primeira onda de sucesso acabou-se em 1914, quando as potências internacionais em guerra tiveram que, para investir em suas armas, economizar a prata que servia à fabricação do negativo de filmes. Nos anos 1920, voltamos a produzir filmes em alguns lugares do Brasil, inclusive no nordeste, mas também logo se encerrou esse período. Seguiram-se os ciclos da chanchada e da Vera Cruz, que também duraram pouco, assim como o Cinema Novo nos anos 1960 e a Embrafilme na década seguinte.

Depois da tragédia cultural que foi o governo Collor de Mello, graças aos esforços dos governos Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula, construiu-se finalmente, a partir da chamada Retomada, um sistema permanente de produção e distribuição nacionais que chegou agora, em 2016, a um número de 143 filmes brasileiros lançados, número ao qual nunca chegamos nem perto durante toda a existência de nosso cinema centenário.

O esforço do cinema brasileiro hoje deve ser o de fazer com que essa pequena história de 23 anos seja realmente uma história permanente, capaz de resistir às crises econômicas e políticas do país. O de fazer com que o cinema que fazemos hoje não seja mais um ciclo que terminará mais adiante, como tantas vezes já aconteceu em nosso passado.

Para isso, é preciso garantirmos, em primeiro lugar, nossa diversidade, tão rica quanto a do próprio país. A diversidade regional, geracional, política, orçamentária, cinematográfica, cultural enfim, que conquistamos com nossos filmes. Através dela, não somente estaremos aptos a representar o país e atingir todos os seus segmentos, como também a nos tornarmos indispensáveis ao lazer e ao conhecimento de todos os brasileiros.

O cinema é o avozinho de uma família que nasceu em 1895, a família do audiovisual que já produziu a televisão aberta e paga, o DVD, a internet, youtube e itunes, o VOD e todas essas siglas contemporâneas que se multiplicam cada vez mais, o resultado de um imenso e rápido progresso nos processos de fabricação e difusão de obras com som e imagem. É claro que o estado tem um papel importante nesse esforço, como tem tido até agora. Ele deve ser o fomentador, regulador e fiscalizador do sistema, para que ele sobreviva às intempéries que não são de nossa responsabilidade.

Mas o estado existe para servir à sociedade, ajudá-la a caminhar na direção que ela própria escolher, em benefício de uma atividade específica. No cinema, a sociedade é representada por suas entidades, entre as quais o SICAV é fundamental, funcional e estrategicamente de decisiva importância, como já testemunhamos em situações do passado recente. Essa “luta” (palavra equivocada!) não é contra ninguém. Ela deve ser apenas a favor de nós todos e de nossos sonhos em construir um cinema brasileiro de qualidade. E para sempre.

Cacá Diegues

Rio, março de 2017

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